terça-feira, 13 de março de 2012

O Caderno de Maya

Capa do livro


O novo romance de Isabel Allende, O Caderno de Maya, da Editora Bertrand do Brasil, diferentemente de seus tradicionais romances, é passado nos dias atuais. Apresenta a trama de uma garota americana de 19 anos que encontrou refúgio em uma ilha remota da costa do Chile, depois de cair em uma vida de drogas, crime e prostituição.

Em seu novo lar, já em processo de calmaria, Maya faz amizade com personagens inesquecíveis, entre eles, um sobrevivente de tortura e um cachorro muito especial.

Na ilha de Chiloé Maya encontra tempo para escrever em seu caderno o que vivenciou no mundo das drogas, seus erros e aprendizagens. Ao mesmo tempo em que descreve de forma apaixonante a descoberta de uma nova vida. Uma nova Maya.

"Parece-me que, no ano passado, desci precipitadamente num mundo sombrio. Enquanto estive embaixo da terra, como uma semente ou um tubérculo, outra Maya Vidal lutava para emergir; cresceram em mim filamentos finos em busca da umidade, depois raízes como dedos procurando alimento e, finalmente, um caule tenaz e folhas em busca de luz. Agora devo estar florescendo, por isso posso reconhecer o amor. Aqui, no sul do mundo, a chuva torna tudo fértil." (p. 242)  





O caderno de Maya é o depoimento escrito pela própria protagonista, Maya Vidal, em que ela conta a perseguição sofrida de assassinos, da polícia, do FBI e da Interpol nos Estados Unidos. Durante o processo narrativo, ela acaba descobrindo um importante segredo familiar, além de compreender o verdadeiro significado do amor e da lealdade. É a jornada através de sua própria alma.
  
"Ambos, o destino e os genes, determinam o que somos, não se pode mudar; (...). Tal como ela explicava, viemos ao mundo com certas cartas na mão e fazemos a nossa aposta; com cartas similares uma pessoa pode afundar e outra se superar.
- É a lei da compensação, Maya. Se o seu destino é nascer cega, você não é obrigada a sentar-se no metrô e tocar flauta, pode desenvolver  o olfato e se tornar uma provadora de vinhos." (p.298)

Segundo a autora, não foi preciso realizar uma pesquisa muito aprofundada sobre o assunto. A inspiração para escrever este livro foi vivenciada dentro do contexto familiar, pois Isabel conheceu de perto a toxicodependência. Como se sabe, seus enteados eram toxicodependentes. O mais velho enfrentou problemas com heroína durante anos, entrando e saindo de diversas clínicas de reabilitação. Como relata na entrevista para a TVI - III de Portugal.




O ambiente em que a escritora insere a personagem principal da obra representa o mundo real, o mundo cheio de perigos que começam na internet de onde provêm de forma fácil e influenciadora a pornografia, a violência e o crime. No fundo, diz a autora, “O que no livro acontece a Maya pode acontecer a muitos jovens de hoje”.

Isabel Allende revela que nunca sofreu tanto com a construção de um personagem, como sofreu com a história de Maya, pois segundo a escritora chilena a personagem podia ser uma das suas netas:

"Esta Maya me fez sofrer mais que qualquer outro dos meus personagens. Em alguns momentos, eu teria lhe dado uns tapas para fazê-la voltar à razão; em outros, eu teria envolvido num abraço apertado para protegê-la do mundo e de seu coração imprudente."


Isabel Allende

Um pouco sobre a autora:

Isabel Allende nasceu em 1942 no Peru. Viveu no Chile entre 1945 e 1975, com largos períodos de residência noutros locais, na Venezuela até 1988 e, desde então, na Califórnia. Em 1982, o seu primeiro romance, A casa dos espíritos, converteu-se num dos títulos míticos da literatura latino-americana. Seguiram-se muitos muitos outros, todos êxitos internacionais. A sua obra está traduzida em trinta e cinco línguas.

Em 2010 foi galardoada com o Prêmio Nacional de Literatura do Chile.


Mais algumas obras da autora:

A Casa dos Espíritos; Paula;  Cartas a Paula; A soma dos dias; A ilha sob o mar

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